Tomar café da manhã com os pais, melhora auto-imagem dos adolescentes!!!

“A vida não é a que vivemos, mas a forma como a recordamos para contá-la!” Gabriel Garcia Marquez

Fonte da imagem: http://www.pensarbemviverbem.com.br/tags/autoimagem/

Recomeço com os meus artigos curtos após algum tempo de pausa, com um tema que preocupa a nossa sociedade: a auto-imagem dos nossos adolescentes. Será que podemos melhorar a nossa auto-imagem? Será que a Neurociência pode ajudar?

Um estudo recente publicado em fevereiro de 2019 (https://www.tandfonline.com/doi/full/10.1080/19371918.2019.1575314), sugere que os adolescentes que tomam o café da manhã e as refeições com os seus pais, possuem uma melhor auto-imagem corporal.

Aparentemente este processo tem a ver com a forma como categorizamos as nossas memórias.

Ao ver uma conferência de Facundo Manes, um neurocientista argentino, recordei o tema de como as memórias podem interferir. Aparentemente, não existe um disco rígido de memórias no cérebro, como muitos referem erradamente, localizado no hipocampo. De acordo com novas investigações a memória tem mais a ver com a síntese proteica de diferentes circuitos que guardam diferentes tipos de memória, do que com o arquivo estático. Quando evocamos uma memória ela fica instável e normalmente agregamos a essa memória, nova informação.

Assim, temos memórias de vários tipos, por exemplo:

– Memória Episódica: que se refere a todas as memórias passadas que referem um “onde e um quando”, por exemplo, quando contam que ontem foram a uma festa a tal local.

– Memória Semântica: que se refere a um ”quê”, por exemplo, apesar de nunca ter ido a Tóquio, sei onde fica no mapa e sei que existe.

– Memória Procedimental: é a memória que tem que ver com a experiência, e sabemos hoje que a experiência facilita a memória, ou seja, apesar de perdemos a capacidade de saber o nome de um utensílio, conseguirmos na mesma utilizar e identificar para que serve.

– Memória de Trabalho/Operativa: que é o tipo de memória que guardamos por algum tempo, e após deixar de ser necessária apagamos, sendo também útil para utilizar vários recursos de unificar memórias.

No processo de arquivo de memórias podemos modificar a mesma, ou seja, ao vivermos algo, nesse momento, podemos arquivar uma memória “modificada”, que sofre ainda um processo de consolidação que a modifica outra vez, sendo por isso crucial que o arquivo e consolidação das memórias esteja associado a processos emocionais positivos, que vai criar uma síntese proteica facilitada. E além disso, quando mais tarde tento recordar uma memória passada, existe uma nova síntese proteica associada a um novo estado emocional, que vai voltar a reconstruir a memória outra vez na forma como a contamos e voltamos a arquivar, uma memória já modificada, que sofre consequentemente processos idênticos ao longo do tempo.

É por isso, importante lembrar a frase de Gabriel Garcia Marquez, que “a vida não é a que vivemos, mas a forma como a recordamos para contá-la!”

Desta forma, ter boas relações familiares, estimular as emoções, trabalha a forma como as nossas memórias são consolidadas e modificadas, que se forem memórias positivas, modificam para melhor a nossa auto-imagem, auto-estima e auto-perceção.

Por isso façam o favor de viver felizes, partilhem emoções positivas, façam refeições em família e acima de tudo, passem tempo de qualidade com familia e amigos, por forma a melhorar as memórias futuras e o que de melhor existe em cada um de nós!

Fernando Rodrigues

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